Historicamente os ciganos, que só conheci de dois tipos, poderão ser primos afastados dos Almocreves. Como muito bem recordava na véspera, o meu amigo All berto antigo parceiro dos bancos da escola, durante a atuação destes, circulava em tempos um cigano pelas ruas da cidade com uma pilha de caixas de sapatos atada com um cordel, a quem um dia lhe impingira uma verruga á custa de experimentar o número certo. O mesmo que impingira a outro seu colega de trabalho, uns sapatos de marca tão à frente, que quando avistado no alpendre de sua casa, com eles calçados, tal como escovas de automóvel a apontarem na mesma direção, respondeu:
- Sacana do cigano, vendeu-mos mas eu vou gastá-los, mesmo sendo ambos do mesmo pé.
O outro tipo é aquele, que ás vezes nos dá jeito ter á mão e que joga á bola. Dizem que o mourinho só o levou para lá para se poder desculpar caso a coisa não corresse bem na Champions. Deitava-lhe a culpa.
O de hoje, especialista em contrafação de marca, não mais nos largou, mal chegámos junto ao automóvel depois da subida à Arrábida, até nos deixar a quase todos depenados. O Bidón na hora de pedir-mos a conta do almoço ainda ordenou, meio sério, ao empregado do restaurante: paga o cigano, é o único que tem dinheiro.
Seguiram-se momentos de silêncio embaraçoso. Alguém estava a ser apertado. Finalmente falou a voz da experiencia de tantos e tantos anos a negociar, aconselhando:
- Na fugem não!