Transportai um punhado de terra todos os
dias e fareis uma montanha, By Confúcio
Planeou a coisa discretamente. Tinha em mente um desafio que queria tentar.
Sem levantar ondas, preferia até a piscina, durante 2 anos, 3 vezes por semana, às 6 da manhã punha-se a pino. Os que o viam passar entreolhavam-se na incerteza:
- para onde é qu´é leiria?
Antes de chegar ao emprego, quando não punha os pés nos pedais, era uma correria.
O patrão que é exigente e rigoroso nos objetivos permite alguma flexibilidade para os atingir.
Quando chegou a hora informou o patriarca onde e ao que ia:
- podem seguir-me pela net.
A família de manguinhas arregaçadas prontificou-se frente ao portátil. Assim que suou a vuvuzela o chip denunciou-lhe imediatamente a sua localização.
51 minutos e alguns segundos depois surgiu o 1º nome. A ansiedade familiar era grande. Passaram mais 5 min e nada. 10, 15 e nada. Nada, o seu nome sem aparecer. E pensava-se em voz alta: Eu qu´imbir(l)ro sempre que cai n´àgua porque o registo não funciona, tenho a certeza que o nome dele irá aparecer a menos que se afogue.
23 min exatos depois e quase 400 nomes na lista, lá estava ele.
A ansiedade familiar baixou. Ufa! Daqui para a frente bastaria, a cada volta, controlarem a lista actualizável para lhe seguir os movimentos e saberiam o seu posicionamento. Quando tirou os cotovelos da cabra já só tinha perto de 300 à sua frente e agradeceu ao alentejo o seu relevo.
Mas agora é que ia saber o que era sofrer pois nunca na vida se enfrentara com aquela distância. Apenas metade. Confiou nas suas capacidades e pensou em algo como 10 km/h. Quando chegou a meio, nem quis saber dos km que faltavam, mas que só tinha que continuar a mover aquelas sapatilhas gloriosamente coloridas durante mais 2 horas.
Passados dias, o jorge, morador contíguo, fez queixas à malta:
- o meu vizinho este fim-de-semana meteu-se numa alhada, foi fazer o ironman dos bascos.