«Deus, ao criar o homem, sobrestimou a Sua capacidade.»
A passagem de um desporto tão diferente como o futebol para o ciclismo fora um êxito. A aprendizagem fora rápida e mortífera. Com excepção do Portel, era consubstanciar uma relação que perdura há muitos anos. Havia que lançar um repto para que a confiança voltasse a quem durante tantos anos se agarrou ao futebol e não via mais nada. Tantas vitorias a encher o ego de confiança precisavam de ser readquiridas, algo que trouxesse as mesmas sensações só que desta vez através do ciclismo.Além disso o bichinho andava cá dentro a roer há muitos anos, como uma coisa impossível de alcançar. O poeta já avisara que não há limites quando um homem se põe a pensar.
A desculpa veio meio embrulhada em forma de revista que um dos pinantes trouxe de Badajoz: participar numa prova de cicloturismo no país de nuestros hermanos. Pois, grande coisa! Mas cá também há disso e nós fugimos delas como o diabo da cruz, e ainda por cima com inscrições pagas. O quê! Tiram o tempo à chegada! mas isso é uma corrida, dessas que nós menosprezamos e que muitos nos apodam de cobardes por não entrarmos nelas e preferirmos competir entre nós, com o sistemático de deixar para trás os menos aptos... E se em vez de uma, fosse fartar todos os sonhos da vilanagem de uma vez por todas?
O esquema, tinha em conta a área geográfica, funcionava assim: 2 pontos por participação e mais um por chegar ao fim (com excepção de 2 provas no Sul que valiam 4 e a de Valência que era de 3, juntamente com uma de 215 km por ser a mais dura). O circuito compunha-se de 15 provas mas com a desistência de Covadonga bastava atingir-mos 14 pontos para a medalha de bronze ser alcançada, e foi para este objectivo que enfocámos a ambição. Convite alargado à canalha, que poucos aceitaram; aí vamos nós... Sigam-nos, que agora quem puxa somos nós.