«Experiência é o nome que todos dão aos seus erros.»
Não havia tempo para planear nada de jeito nem temos conhecimentos para isso. Abrir um manual e obedecer à risca não é o nosso género, parecia dar um carácter profissional à coisa. Confiávamos, isto é, desconfiávamos, como fazem todos os portugueses, que se a coisa corresse mal podíamos sempre dar como desculpa que e não nos preparáramos convenientemente. Não foi permitido este subterfúgio. Limitámo-nos por comum acordo e porque ninguém tinha experiência do que nos esperava, a fazer quilómetros[1], a agarrar endurance, sem andar-mos a esgalhar e sem alterações repentinas de ritmo. Acreditem que se fez tudo muito calmamente, ou duvidem; Afinal de contas, mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo. Já agora, como é que se distingue um coxo de um mentiroso? Canja: basta começar a correr atrás de ambos.
[1] Salientar a ajuda dos que contribuem com a sua companhia neste acumular de quilómetros. Para alguns deles também foi uma aventura fazer 120 ou 140 numa manhã. Deram um passo, faltou o outro, que era irem também. Ao Carvalho (um espectáculo a subir antes de ir à faca), ao Raposo (110! «Papá traz o carro»), ao Inácio («Segura aí a perna»), ao Ferro (medufas) ao Rui (pelo entusiasmo do brinquedo novo) e ao Marques (pelo silencio absoluto).