Mas que bem que se “anda” pelos Pirineus !!!!!!!!! Mas nada comparado com o ano passado.
Começo a minha crónica:
Viajo na sexta desde Madrid até Saragoça, donde me esperam uns amigos e com eles subo até Sabiñánigo para levantar o dorsal e o resto.
Após um tumulto de pessoas e uma fila como as que se fazem no Iémen, deparo-me com o Eduardo Chozas. Acerco-me, cumprimento-o e pergunto-lhe se viu alguém da CicloLista. Eduardo disse-me que sim, mas não me sabe dizer quem.
Ao longe vejo que há fotos do ano passado. Tento encontrar-me, mas não me acho em nenhuma.
Bom, depois disto vamos jantar e dormir em Villanua.
O albergue onde estávamos instalados é bastante acolhedor. Já o conhecia do ano passado ao fazer cicloturismo com mochila. O único problema é que temos que dormir com outras pessoas. A nós tocou-nos dormir com dois Bascos, que dormiam emitindo ruídos pelo nariz, pelo que não pudémos dormir muito.
Enfim. Na manhã seguinte levantamo-nos às 6:30, tomamos o pequeno almoço e descemos para Sabiñánigo.
Na partida muita emoção e muitos nervos. Imaginem 4.000 pessoas contagiando-se mutuamente dos nervos. Por isso, quando soa o “foguetão” começas a ouvir uma avalanche de molas de encaixe, que vem desde a primeira linha de partida e se prolonga até ao final.
Parece que alguém grita!!! O ultimo é maricas!!!. Sai-se a todo o gás.
Entre Sabiñánigo e Jaca podem-se alcançar velocidades de mais de 40 quilómetros hora no plano. Parece que ninguém se lembra que todavia ainda faltam cerca de 200 quilómetros. Porém é o único terreno onde se pode fazer corridas na marcha.
Quando começamos a subir desde Jaca encontramo-nos com um vento de frente de tombar, e acentua-se quando passamos Villanua para começar a subir o Somport. Este ano fizeram uma variação no percurso e obrigaram-nos passar nos arredores de Candanchú.
Depois uma descida de 30 quilómetros intermináveis. Na primeira parte o chão estava cheio de gravilha, que a alguns obriga a travar e a outros até a caírem. Uma pessoa até se passa descer tantos quilómetros seguidos.
Mais tarde começámos a subir o Marie Blanque. Recordo-o do ano passado como uma montanha dolorosa, devido ao calor. A temperatura na base da montanha é agradável, e ainda está bastante nublado. Pouco a pouco e poupando-nos muito, avançamos até à parte durinha, donde podemos encontrar, a andar a pé, aqueles que não pensaram nas mudanças. Eu, com a minha pedaleira tripla e o 26 atrás subo confortávelmente sentado na parte de atrás de selim. Alguns pensarão que é um exagero, mas movê-lo a mais de 65 pedaladas faz-te subir tal como um colchão de espuma.
Já na chegada ao abastecimento, no prado da descida de Marie Blanque, paro para comer alguma coisa, reencher os bidões e pôr os manguitos. Lanço-me a esgalhar pelo Marie Banque, com as suas pequenas curvas (o Faco gostaria bastante desta montanha) e chegamos ao plano, em que por sorte o vento sopra a favor.
Em menos de nada começamos a subir o Portalet. Ponho-me à vontade, tiro o capacete e ato-o ao guiador e começo a subir com toda a parcimónia deste mundo. O pessoal começa-me a ultrapassar como loucos. Depois com o meu andar de tartaruga viria a alcançar muitos deles. A meio da montanha outro abastecimento, e depois uma zona bonita donde se abre o vale e podes admirar toda sua formosura. Nada se compara ao calvário do ano passado. Dá-me vontade de apertar um pouco mais e de subir mais rápido. Mas penso no que ainda falta e não me vou esgotar para nada. Por fim, vão passando os quilómetros e chegamos até ao cimo. Este ano temos o abastecimento em Formigal.
Descer o Portalet é um passo. É uma descida prolongada com curvas muito abertas. Tipo Navacerrada mas côncavo. Logrei atingir 85 por hora. Há pessoal que até ultrapassou isto, mas não sei como.
Bom, quando estou a descer mesmo a gosto, fazem-me sinais de que me meta à esquerda para entrar em Formigal. Atravesso a povoação sem parar no abastecimento e à saída encontro um par de cabeços que me fizeram recordar os pais dos tipos da organização.
Bom, incorporamo-nos de novo à estrada e voltamos a meter à esquerda para subir até Hoz. Não é uma montanha muito exagerada em relação ao que já subimos, mas as pernas vão pesando. Hoz faz-se como se pode e começamos a descida a esbarrondar até Sabiñánigo. Por sorte temos o vento a favor, com o qual se rola a todo o gás. Mais ainda se vais com algum grupito de tipo canhão.
Após uma longa zona plana entramos na meta. Claro que a chegada está numa subida pelo que a entrada às vezes é até espectacular. Todo o mundo com a pedaleira grande metida e sprintando como se nos fossem a bater por detrás.
É muito emocionante entrar quando toda a gente te está a aplaudir. A mim escapou-se-me alguma lagrimita. Só me aconteceu ter sido assim recebido em duas vezes, uma nos Lagos este ano, e outra na Quebrantahuesos do ano passado.
Já na meta olho o cronómetro vejo que realizei 9:36 minutos. Não está mal, mas no próximo ano de certeza que faço prata. Quando vou recolher o diploma e a medalha, comunicam-me que nos descontaram 20 minutos devido ao desvio de Formigal. Assim totalizei 9:16. Justamente uma hora menos do que o ano passado.
Sendo assim muito bem, muito bem, muito bem mesmo.....
Depois para a coisa ficar completa, encontro uma foto que me fizeram que vale 300 pesetas, na qual fiquei muito giro coroando o Marie Blanque. Muito giro porque parece que não estou tão gordo como nas fotos que o Faco faz. Assim sendo, claro que a comprei e tenho-a aqui em casa.
Para mais enfeite, vou a um bar tomar umas canhas com um amigo de Saragoça e aparece o Eduardo Chozas com o seu filho. Senta-se o meu lado, começamos a falar da marcha e convida-nos a outra ronda.
Para que saibam, o Eduardo na actualidade é um cicloturista mais. Sabe muito mais que nós, mas pode-se falar muito bem com ele. É um tipo de homem com que gostaria de me cruzar mais de uma vez, e não tão só por a canhas [Credo! Não há modo de «arreglar» a frase].
É uma companhia muito grata.....
Isto é tudo amigos !!!!!.
Vamos ver se para a próxima QH nos divertimos mais.......