Olá amigos, hoje é o dia seguinte.
O dia seguinte de um abandono anunciado.
Estive toda a semana passada constipado, e com o corpo que não parecia o meu, por momentos tive a sensação de que a mente era de um 'outro corpo'. Uma estranha sensação.
O dia anterior, ou Sexta, pela tarde acerquei-me de Sabiñánigo para recolher o dorsal, pois Barbastro está só a 100 km. Ali tive uma grande alegria, pois tive a sorte de poder falar um bocado com o nosso Eduardo, Eduardo Chozas 'in person'. Simpatia e amabilidade a rodos, creio que ele também se alegrou de falar com um barrigudo da CicloLista.
Pois bem, depois do paleio para a casinha, jantar de espaguete, copo de vinho tinto, e toca a dormir,... bom para a cama, porque dormi pouco. Uma coisa eram os nervos normais prévios a um grande acontecimento, outra coisa era o meu intestino que, como toda a semana prévia, estava 'revolvido, revolvido'.
Resultado, na manhã seguinte subindo de carro para Sabi, rebentamentos e 'correntes eléctricas' pelo baixo ventre como uma tempestade de verão.
Cheguei a Sabi às 7h, 20m. com mais moral que o Alcoyano, montei-me na bicicleta, vesti-me de 'faena', rodei 10 minutos, e às 8 h. na linha de partida.
IM-PRE-SSIO-NAN-TE, um ano mais, só para estar aí esses momentos vale a pena aproximar-se da Quebra (como disse Alix).
4.000 chalados, altos, baixos, velhos, jovens, barrigudos, estilizados, ... de toda Espanha, todos com a mesma ilusão, a verdade é que ficas com pele de galinha. Por alguma coisa estranha, sentes-te em sintonia com todas estas pessoas desconhecidas para ti. Gratificante como poucas pelas coisas que possas chegar a sentir.
Bem, à grana...
Foguete de saída às 8,29 h e aí acabam-se todos os males, nervos e dores. Com cuidado e arreando a besta.
As pernas ocas, com dores inlocalizáveis, pulsações a mil, a malta ultrapassava-me como as motos (antes de chegar a Jaca, falsas zonas planas - mas mesmo muito falsas - circulando a 45 km/h e o vácuo arrancava-me os autocolantes quando me ultrapassavam...incrível como ia o pessoal este ano).
Voltam as correntes eléctricas e rebentamentos no baixo ventre, o que me leva a pensar numa paragem rápida e urgente...
Não foi preciso, falso alarme.
Chego ao abastecimento de Somport, km 60, 2h 10 m. depois de coronar Somport com picadas e com o orgulho ferido, paro para encher os bidões com Aquaruis e ao pôr pé em terra... as pernas abanam como um pudim.
Sensações de debilidade em todo o corpo, frustrante, depois do que creio, tinha sido uma boa preparação para este dia.
A causa, ¿?..., não tenho nem ideia, ¿ O que é que decido? Pois claro, meia volta e casa, que ainda estou a tempo.
Frustração total, tristeza e desânimo.
Hoje com a mente e o corpo mas relaxado, tiro uma conclusão, há que treinar melhor (mais não posso).
Os apontamentos e os conselhos de Eduardo Chozas também me ajudaram.