«O viajante que se preza vive às claras, aproveita as gemas e não desdenha as cascas»
Atingida a perfeição, horas antes, a sensação era sublime, uma espécie de entorpecimento, mas o descanso dos guerreiros teria que ser guardado para outra altura, pois havia uma viagem de quase 400 para fazer... ao luar.
Antes de mais nada, descubramos a própria palavra «viagem». No hebraico antigo, o termo «viajante» era sinónimo de comerciante. Sim, houve um tempo em que todas as viagens eram à negócios. Dai que, durante séculos, viajar não fosse mole. «Travel» (viajar, em inglês) deriva de «travail» (trabalho, em francês), que por sua vez remonta ao latim tripalium, um instrumento de tortura! Ou seja, dantes, viajar era um suplício, mais ou menos como ir ao Algarve em Agosto, de preferência na Quarteira. Agora ao findar o milénio a história repetiu-se.
À chegada foi só tempo de armar barraca e assistir, nas tendas, ao trovejar sem relâmpagos, isto é, tocou-se castanholas sem flamengo. O flamengo, como se sabe, é aquela dança semelhante à gesticulação dos guardas de trânsito nos cruzamentos em hora de ponta.
Manhã cedo, diagnóstico às tropas antes da decisão: recolher aos balneários ou cumprir castigo. Os destroços eram mais que muitos e não só nos fundilhos. Vontade para tocar o burro: zero; ilusão de ainda estarmos a viver num sonho: toda.