A subida ao Pico Veleta è a mais curta do Circuito, ainda que para muitos, possa resultar numa das mais difíceis. Não há nenhuma parte com descanso. Desde que sais até que chegas vais encosta acima e os mais rápidos podem demorar três horas a fazer os 42 quilómetros que unem a estação de Pinos Genil até ao Pico Veleta.
Acerca disto, disse um cicloturista granadino, participante habitual nesta prova, que: às primeiras perguntas de «Quanto falta?» começam-se a dar por volta do quilómetro 13, antes do abastecimento de Casilhas Rojas. A resposta que melhor reflecte a situação da corrida ouvi-a em 1995, quando fazia a minha segunda subida: «Não te preocupes, a parte má já passou, agora vem o pior».
Dizem que as rampas mais duras, efectivamente, estão nos primeiros sete quilómetros, até La Higueira, mas o problema, uma vez superada esta fase reside em ter ainda força e animo para continuar a pedalar sem descanso por uma estrada sempre empinada que parece nunca acabar.
Mais acima, até ao quilómetro 20 há outros dois quilómetros muito duros que nos conduzem à saída da urbanização de Pradollano na qual, uma grande recta com inclinação de 7% puxa muito.
Um pouco mais acima, por volta do quilómetro 30, «a estrada torna-se rugosa, desnivelada e de aspecto difícil. O oxigénio escasseia e é necessário manter a cabeça fria. Aqui é onde se fazem amigos. Até ao momento tratava-se de companheiros de marcha. Nesta zona os bolsos começam a esvaziar-se, trocando-se glicose, tabletes energéticas ou uma palavra de animo. É fácil que apareça a desesperação porque, apesar do esforço, o "Picão" continua a parecer inalcansável», resume assim, o experimentado sofredor desta marcha .
«A zona de Panderones, a cinco quilómetros da meta, está formada por um continuo ziguezague ascendendo a parte noroeste de Veleta com um desnível continuo em redor dos 8%. Aqui começa a ver-se o final do túnel. Avista-se Collado de Veleta. (...) Se a neve o permitir, coisa que não aconteceu na terceira nem na quinta das minhas subidas, a meta está somente a uns metros desse cimo, e a fortíssima rampa final, só de algumas centenas de metros, qualquer um a faz com mais gloria que sofrimento, procurando um troço de asfalto para poder circular entre tanto buracos. A emoção quando se põe o pé em terra, talvez segurado pelo selim, por algum membro da organização, é do género que a mim me faz saltar as lagrimas, inclusive neste momento em que escrevo isto», sentencia contundentemente o nosso particular narrador.
A «Subida ao Pico Veleta» é uma Marcha muito especial e quem participa nela tem muitas histórias que contar produzidas tão só em 42 quilómetros...! Mas que quilómetros!
Seguindo a filosofia adoptada, de dar primazia à participação nas provas do Sul, as tais que para a maioria dos participantes fica mais longe dos seus domicílios, nesta marcha pontua-se o dobro das outras provas por se apresentar à partida. Desta forma os participantes do Sul não estarão em inferioridade de condições, na hora de chegar a obter o diploma acreditativo da sua participação no Circuito.