Aqui vão os meus comentários sobre a Subida a Veleta.
Ambiente ciclolistero: Magnifico.
No sábado fomos jantar todos, os seis que nos juntámos, mais a família do Ramon e a namorada do Francisco. Na manhã seguinte, com as camisolas reluzentes, parecíamos crianças com sapatos novos. É sempre agradável conhecer as pessoas de quem já lemos opiniões e crónicas, muitas vezes ainda vivas.
Quando tirámos as fotos no pico de Veleta, era como se pertencêssemos a uma comunidade e ficássemos a viver ali, tão contentes estavam-mos todos. Todos, excepto uns excursionistas alemães que imagino que nunca puderam pensar que se iriam encontrar em tão maravilhoso lugar com umas dezenas de exultantes e barulhentos ciclistas.
Organização: como já comentou o Faco, um desastre. A organização é muito caseira, mas a prova cresceu muito e claramente não dão conta do recado.
Para começar, no sábado havia apenas uma mesa para as inscrições, e centenas de ciclistas. Resultado, um atasqueiro monumental e uma espera à volta de duas horas. A tecnologia que utilizavam reduzia-se a uma mesa, quatro cadeiras e uma esferográfica, com a qual te inscreviam e pré-esgatanhavam o Diploma.
Ao finalizar a prova, a entrega de diplomas era digno de ser filmado. Centenas de ciclistas com vontade de irem para casa, e um fulano da organização em cima dum estrado a cantar números de dorsal sem ordem nem concerto. Um pouco mais e organizava-se um motim. Para se comer alguma coisa, aquilo parecia o primeiro dia dos saldos do Corte Inglês. O trabalho de cotovelos era fundamental. Imagino que seria para que não fortalecêssemos apenas as pernas e trabalhássemos a carroçaria superior.
A subida em si: dá gosto ver gente como o Faco dizer que, para ele, a achou curta. Asseguro-vos que não é o meu caso. De qualquer modo, o meu estado de forma é muito melhor que o do ano passado e acabei a prova bastante bem.
A primeira metade, até aproximadamente o Km 19, fi-la com o Faco e o Ramon, a um bom ritmo. De facto, quiçá tenha subido um pouco mais forte do que o costume, mas não notei que fosse demais. Ajuda sempre subir com companhia, e se além disso levas a mesma camisola de equipa, fazes esforços suplementares para não descolares. A partir desse Km, justamente onde se encontram as rampas mais duras, o Ramón e o Faco começaram-se a separar de mim, da maneira habitual que as pessoas se separam nas subidas longas. Vês os dois irem-se embora pouco a pouco, e parece que os podes apanhar, mas nunca chegas a eles. Neste momento, após consultar o meu pulsómetro, pensei que era melhor não continuar a forçar e sim “meter” o meu ritmo. A segunda metade fi-la totalmente ao meu ritmo. A vantagem de viver por aqui e tê-la subido algumas vezes antes, é que vais conhecendo as zonas perigosas e sabes onde tens que levantar o pé e onde apertar. A partir do Km 30, ultimo abastecimento, meti a terceira pedaleira, pus uma mudança cómoda e fui subindo pouco a pouco, ultrapassando bastante gente que tinha de parar asfixiada. A verdade é que não entendi bem a polémica com a pedaleira tripla que houve na ultima semana. Entre mensagens e desmentidos fiquei sem saber a exactamente a opinião de cada um. A única coisa que vos posso dizer, é que eu gosto de poder subir a Veleta em bicicleta, e se dentro de dez anos a tecnologia continuar a avançar e tenha que colocar seis pedaleiras, asseguro-vos que o farei.
Assim, no meu ritmo, cheguei lá acima cumprindo o meu objectivo que era baixar de 3 horas e meia. O meu tempo foi de 3.26. Para que façam uma ideia, no ano anterior tardei 4.11, e tive que descer da bicicleta um montão de vezes. É incrível o que se consegue treinando um pouco, e apoiando-se na tecnologia disponível (a minha De Rosa, com pedaleira tripla).
Em resumo, dois dias de ambiente ciclista muito agradável e que no ano que vem espero repetir na vossa companhia.