Isto foi o que fizemos: Juanma e eu. Além disso não pensávamos ficar a comer (pelo que contais, não nos atrasámos muito) nem parar nos abastecimentos, ainda que, para ser sincero eu retirei agua no de Llanes e tomei uma Coca-cola na meta (até me deram o número da classificação para melhor poder levantar o diploma).
E quanto à crónica da marcha, creio que só falta a nossa. Partimos mais ou menos no centro do grupo, apesar das queixas de Juanma que queria partir lá à frente, para entrar nalgum grupo rápido. Nos primeiros quilómetros entretemo-nos a ultrapassar pessoal, puxando o Juanma ou pondo-nos à roda de qualquer um que nos ultrapassava, creio que levava as pulsações mais altas que na Huesera. A primeira montanha, subimo-la a bom ritmo, e quase sem dar-mos por isso chegamos de novo a Llanes. Um membro da organização ofereceu-me uma garrafa de agua e parei para encher o bidão. Continuamos imediatamente e outra vez a mesma historia, a toda a gáspea. Entramos num grupo que ia liderado por um fulano tipo locomotiva, e começamos a ultrapassar pessoal. Dá que pensar que ultrapasses tantos ciclistas depois de 35 km. e uma montanha relativamente difícil, quando praticamente, não tinhas abrandado. Na subida à segunda montanha um pastelento dum camião coloca-se entre nós e um grupo numeroso que vai na dianteira. Ultrapasso-o para não ter que suportar o seus maus fumos, mas não consegui a ligação com o grupo seguinte e volta-me a passar. Por sorte o ritmo dos da dianteira não é forte e à segunda consigo desfazer-me do camião. Acaba a montanha e sem mais obstáculos chegamos ao desvio para Covadonga. Pouco antes do começo da subida difícil, paro para fazer as minhas necessidades, e Juanma vai-se embora para fazer a subida cada um a seu ritmo (o dele, evidentemente, mais forte). Já sozinho (ainda rodeado de uma multidão de ciclistas desconhecidos e de público) começo a subir.
Aqui à uns anos já o tinha tentado e então fizera, metade a pé metade andando. Agora pretendo não baixar-me da bicicleta até à meta. Vou controlando as pulsações, sem passar de 160. Numa das curvas oiço o Juanma que me saúda lá do alto, saca-me umas centenas de metros, o que significa que não vou mal de todo. Aproxima-se a Huesera, e não quero nem olhar para a estrada. Começo a subir sem despregar a vista do pulsómetro, que está por cima dos 170. Cada segundo que passa é uma eternidade, mas quando levanto a vista já estou a meio da recta. Um pouco mais e por fim acabou-se.
A seguinte dificuldade, o Miradouro da Reina, preocupa-me menos, as rampas ainda são duras mas é um troço curto e sei que não terei problemas. Adianto-me a ciclistas que avançam andando e vejo a mesmo coisa de sempre dos anos anteriores. Chego à primeira descida, depois à segunda (que não agradeço, pois penso que no regresso as terei que subir) e por fim a meta. Uma Coca-cola à saúde da organização e vamos para baixo, pois Juanma já estava à uns minutos à minha espera.
O regresso até Llanes torna-se difícil, o primeiro troço fazemo-lo com três ciclistas de Baracaldo mas a meio da montanha não posso prosseguir no ritmo deles e Juanma fica à minha espera. Uma vez feita, já é quase tudo descida mas ainda nas poucas subiditas que há arrependo-me um pouco de não ter regressado de autocarro.
Mas todos chegamos e por fim, entramos nas ruas de Llanes. 150 km. e pouco mais de 6 horas sobre a bicicleta. Mudamos de roupa e decidimos partir, pois há que voltar a Salamanca. Pelo caminho continuamos a desfrutar o ciclismo, desta vez como espectadores, pois escutamos a retransmissão do Giro pela radio, que depois desta etapa já parece estar nas mãos de Pantani.