Carisma
Com um procriador que o vigia constantemente, assistiu-se à mais rápida adaptação de um jovem às regras (tomara muitos) de um lar de idosos:
Quando vê que o grupo se começa a alongar em fila indiana aos primeiros kms, deixando as conversas de ocasião com os parceiros adiadas para o dia de são nunca à tarde, cedo percebe que quem lá está na frente é alguém a armar-se ou com o nervoso inconsciente que leva metido mais que o limite da pedaleira pequena ou alguém em pré época de competição a aguentar com rotações acima das 100 pedaladas.
Ele também já fez isso de se desgastar inutilmente logo à partida. Agora prefere o convívio em vez de ir a assapar o tempo todo, e só fazer ciclismo quando chegar a ocasião que pode nem chegar nesse dia, porque alguém pode furar ou atrasar-se e o grupo desmorona-se.
Mas a acontecer, invariavelmente ir-se-á produzir entre os últimos 5 a 10 km ou apenas nos metros finais, quando composto só por velocistas e nenhum deles se arrisca a dar a cara.
Naquele dia o grupo hesitava entre juntar-se na frente a alguém com compromissos familiares natalícios (uma boa razão como outra qualquer) inadiáveis a servir de lebre ou de ponto de referência, ou aguardar por outro companheiro que se atrasara com dificuldades nas subidas.
A viragem de cotovelo de 45º graus, com o louseiro à direita a 8 km da chegada sem inclinações, favorecia os 800 m de avanço da lebre, enquanto o grupo procurava ainda entrar nessa via principal perigosa. Percebeu que era ali o agora ou nunca. A lebre distanciava-se.
Abalou tão decidido que passado o 1º km percebeu que com a força inicial nunca lá chegaria, visto a lebre possuir iguais carateristicas. Baixou mudanças e guardou essa força de vontade para a parte final quando viu que diminuía distâncias. Foi antes da primeira rotunda que a inversão de posições se deu (cedeu?), sentindo as forças antagónicas em jogo a mudarem de dono, as dele como se aquele momento fosse a coisa mais fácil do mundo e as outras, as de alguém que é caçado, esgotadas.