Em alter do chão um transeunte aventura-se:
- Com tantas horas em cima das bicicletas, são já uns especialistas de ciclismo.
O xico que é dali, discorda:
- Ná! Cá a minha especialidade é em cavalo
Qual aviador, qual alpinista! Torna-te mas é num manequim se quiseres subir bem na vida. Só te safas se tiveres um corpo com menos carne que um cozido de um vegetariano.
Nada mais desagradável quando na casa de banho em pleno esforço, atendemos uma chamada:
- Esssstooou?
Mas experimentem gerir um grupo a partir dos dois cotovelos do monte paleiros ou depois da portagem: Quantos são para almoçar? Por qual estrada vieram? Onde são os banhos? O restaurante fica em que sitio? Onde é que já vêem? A que horas é que chegam? Fico cá em baixo ou vou lá acima? E ainda os: Já cheguei! Estamos à tua espera, despacha-te.
E o raio da bateria que nunca mais se acaba!
Os garmins e afins medem-nos as batidas do coração (apaixonados não contam), a altura a que nos encontramos do mar (como se isso interessasse numa montanha), os graus de calor (e do frio, fosga-se), o numero de pedaladas completas que (mal) conseguimos dar em cada minuto e até a velocidade (deveria ser proibido chamar isto nas subidas) a que nos deslocamos.
Mas não mede os limites do bom senso. Somos nós que decidimos entre abrandar o sofrimento (pôr o pé no chão por momentos) ou acabar imediatamente com ele (voltar para baixo).
Afinal o corpo é nosso e não da porcaria do aparelho.
