A partida era às 9 horas, e eu cheguei às 8:55...tive uns problemas com o carro...e por pouco não chego...de facto pensei que não ia chegar a tempo para a partida. Vesti-me rapidamente, e parti. Parti bastante à frente, porque tomei a saída num ponto ligeiramente adiantado do sitio real da partida. Mesmo quando parti já há um bocado que passavam ciclistas....o que se passa é que 3000 ciclistas demoram muito em partir. No principio fui com calma, depois dos problemas por pensar que não chegava a tempo, necessitava descontrair-me um pouco....e passou-me bastante gente, recordo um que devia fazer culturismo porque cada uma das suas pernas fazia duas das minhas, e os braços igualmente gordinhos como as pernas, e umas costasssss...vamos que o tipo devia consumir uma garrafa de oxigénio nas subidas para alimentar todo aquele músculo, e ainda por cima com o que deve pesar....o caso é que não o voltei a ver....não sei se o passei sem me dar conta ou então andava mais que eu. Depois já fui acertando um ritmo mais forte, até chegar à primeira dificuldade montanhosa. Ali passei bastante gente, sem demasiados problemas no meio de uma molhada deles (suponho que por ir bastante à frente, e a molhada por estar a ficar para trás), subestimei a dureza da montanha e no final tornou-se-me mais difícil do que devia, mas não afrouxei, a descida era muito perigosa, com curvas muito fechadas que nem sempre se avistavam, uma grande pendente, e sobretudo um importante precipício. A organização tinha posto no principio da montanha um cartaz indicando que a descida era perigosa, mas não tinha nenhum sinal a avisar das curvas perigosas. Mas colocaram uma rede que impedia que fosses pelo precipício abaixo, eu não assisti a nenhuma queda, mas se há muito maluco, porque alguns passavam-me na descida (normal), mas outros adiantavam-se-me nos momentos complicados fazendo verdadeiras loucuras (e com o risco de irem parar com o corpo ao chão e arrastarem também o meu com eles).....enfim. Perdi um monte de posições na descida. De seguida, quase sem tramite chega-se novamente a Llanes onde estava o primeiro abastecimento (eu diria que o único...porque era o único solido). O abastecimento pareceu-me abundante...sim...sim abundante. É que alguns se queixaram de que era curto. O que se passou foi que para os primeiros, era abundante, mas para os detrás não. Eu ainda apanhei de tudo, mas sem abusar. Sem dúvida que havia alguns garraios que sacavam, sacavam e sacavam....por exemplo davam uns pastelinhos de chocolate (de Dulcesol....esta é para o Pablo Prieto), aos quais não vejo muita utilidade numa cicloturista....mas é que houve uns quantos que tiravam os pastelitos, os tais, e metiam-nos no bolso da camisola (incrível!!! Como se o chocolate não se derretesse....cuá! Como se na camisola lhes fizesse falta chocolatado!). Adiantei-me até ao final do abastecimento e vi uns gordos desses com cesta onde levam pessoas, que estavam de partida...havia um que andava um pouco abananado mas finalmente partiu...eu observava tudo isso, enquanto comia descontraídamente (tinha observado a média e como era de 28km/h supus que a malta da ciclolista andaria lá para trás...assim decidi esperar por eles). Já me tinha cansado de esperar e ia embora quando ouvi a voz do Charly que me saudava...tinha acertado, vinham detrás!) Perguntei-lhe pelos outros e disse-me que vinham atrás dele e do Faco, que andava por ali...de seguida apareceu Faco, e daí a pouco Fernando e Angel (que de inicio não reconheci, tinha-o conhecido o ano passado, mas vestido à paisana). Um pouco mais tarde apareceu Eugenio...e então Charly que estava muito inquieto e foi-se embora. Perguntei pelo Ramon, embora não o conhece-se, e disseram-me que andaria lá para trás....depois inteirámo-nos de que não... na melhor das hipóteses ia na minha zona, de inicio...não sei. Apercebi-me, através da sua crónica, de que o Eugenio queria Aquarius e não havia....se chega-se a saber dava-lhe do meu bidão ....que não cheguei a terminar, e deixei encetado - (bom, após as "broncas" por não ter aparecido no encontro das 8:30, partimos de novo, o Eugenio pôs-se a acelerar no plano, com alguns relevos do Fernando e meus. Mas quando havia alguma subidita o Faco, que se pica com qualquer serra mínima, ia para a frente (suponho que não está muito acostumado ao irregular terreno asturiano, porque se andasse habitualmente por aqui não se picaria com estas subiditas)) ....pouco a pouco, com a desculpa de me castigarem por chegar tarde, foram-me deixando puxar a mim, a verdade, é que me apetecia puxar no plano, estava bastante calor e o Sol colava, e isso calha-me muito bem é no plano....ainda que me custe também subir (suponho que terá a ver com a minha pulsação mais alta que o normal) .... chegámos à segunda montanhazita que é muito alongado e o Faco vai ao meu lado, conversamos um pouco, até que me começam a doer as pernas e decido afrouxar. Faco vai para a dianteira e os outros já se tinham ficado. Na subida e na descida vejo um monte de invólucros de barras energéticas...atirados para ali, o que me chateia bastante...mas não vi ninguém atirar nada...assim guardei a vontade de dar uma bronca a algum porco. A estrada estava fechada, pelo menos no sentido do nosso andamento, e tinha sempre alguém da organização em todos os cruzamentos e caminhos para evitar que se metesse algum carro à estrada....muito bem. Depois da descida aperto para apanhar um grupo grande que tinha ao meu alcance (por certo que nas povoações as pessoas aplaudiam-nos, e as crianças gritavam e tudo....tal como aos profissionais). Pouco a pouco o grupo em que estou vai-se tornando maior, com grupos que vinham por detrás, e como o grupo em que vou vai-se poupando isso facilita as coisas, eu não incrementei o andamento porque deitando uma vista de olhos às caras do pessoal do grupo (aos que íamos na cabeça deste), fiquei convencido de que o que ia pior eu era.... tinha bastantes dores nas pernas, suponho que pagando a factura de ser só a terceira vez que andava em Maio, por culpa dos estudos (no dia 1, prova de 200 km com o C.C.Oviedo, e a cicloturista da Gamonal...tinham sido as minhas outras duas saídas....). Finalmente chegámos a Covadonga onde cheguei com alguma fome...e TCHAN, o abastecimento só é liquido: água ou coca-cola....nada mais. Ao principio não vi ninguém da lista, depois já vi que estavam por ali: Charly, Faco, Angel, Fernando e Eugenio. Quando nos dispusemos a afrontar os lagos (ia ser a minha primeira vez que subia aos lagos, pensei que seria mais ou menos como em Pajares....mas tornou-se-me muito mais difícil, não sei se pelo calor, ou porque é realmente mais difícil...por certo que na Volta'97 Tonkov ganhou em ambas as subidas). Dei-me conta de que estava ali o Javier Murillo...não tinha nem ideia do que ele tinha assistido...assim parei para falar com ele....depois de um intercâmbio de impressões, atire-me para o cimo, com pena de ter ficado sem a possível companhia dos outros para a subida, o bom disto tudo é que tinha descansado de mais. Ao principio, como as arvores tapavam o sol e estava fresquito, encontrava-me muito bem, ainda ia controlando, mesmo assim doía-me bastante o joelho direito, quando desapareceu a sombra, faltando já pouco para a Huesera, comecei a afundar-me...a Huesera pensava fazê-la facilmente, dado que me dou bem com as percentagens bastante pronunciadas, mas não foi assim, justamente no inicio da subida comecei a ouvir latidos a retumbarem-me os tímpanos, e o coração sentia-o a mil à hora (não tenho pulsómetro), isso não era bom sinal para começar a Huesera. A Huesera tornou-se-me eterna...vou cada vez mas devagar, cada vez mais cansado, e mais doido (as pernas doem-me uma barbaridade), sento-me algumas vezes, mas não tenho “pica” sentado, assim tenho que pôr-me de pé para continuar a avançar. A dado momento antes da metade, pergunto a mim mesmo se haverá algum motivo para não pôr o pé em terra como fazem alguns que vão comigo, e não encontro nenhum; Se me lesionar tanto me faz, a minha temporada só dura até Agosto (pelos exames), e se me apear nos Lagos, ficarei com uma espinha cravada de não os ter subido de seguida, e teria que voltar para a fazer tudo à primeira...e não tinha nenhuma vontade de voltar ali....assim olvidei-me de qualquer tentação de me descer. No final assim que oiço a voz do Charly: "Venga David!", Procuro-o de uma mirada como posso, porque tinha os olhos cheios de suor e não via nada com o fita nos olhos, por fim avisto-o, mas não o posso saudar, nem fazer nenhum gesto com a cara...creio que se me estampou o ríctus do sofrimento na cara e não era capaz de o tirar. Já tinha conseguido o nível de concentração que me permitia sofrer a tope (de facto até ao momento em que procurei avistar o Charly não me tinha inteirado de que tinha os olhos cheios de suor). O Charly disse-me algo assim como, “mas que vontade de sofrer que tu tinhas”....suponho que pela minha cara. Recordava as palavras de Javier, que me dissera que passando o Miradouro da Reina já estava feito. Bom, pois quando vais mal isso é mentira! – (Tornou-se-me eterno até ao Mirador....o Miradouro não foi tão difícil como esperava...de facto pareceu-me tão difícil, como tudo o que já fizera, e como tudo o que faltava fazer...realmente tornou-se-me muito difícil...e repetia para mim mesmo uma e outra vez que não me voltariam a ver por ali...isto ajudava-me a terminar, ou pensar que se conseguisse não teria desculpa para voltar e isso também ajudava.... enfim, no próximo ano logo se verá, mas nas piores altura serviu-me de truque. No final, creio que fiz 1115 ou algo parecido, mas tanto se dá...se me tivesse importado a classificação não tinha parado no primeiro abastecimento e esperado pelos outros. O importante para mim era subir os Lagos na estreia, e fi-lo. A minha média até Covadonga era 27km/h, e lá em cima só 21Km/h ...ou seja uma ascensão patética (na da Gamonal, como referencia, em Soterrana a media era 19'5Km/h, e na Via Para, também 19'5km/h). No cimo vi o Eugenio, e um tipo do CC Oviedo que a organização tinha contratado como massagista, que me viu com as pernas tão atadas ao caminhar, que disse que me dava uma massagem. Depois da massagem recuperadora (no dia seguinte não me doíam nada as pernas), o Eugenio ajeitou-se, e também a ele lhe deram a massagenzita. Depois, quando já íamos a descer vimos os outros da lista, e tirámos fotos. Após as queixas porque não tinha havido comida no cimo, descemos. Embaixo em Covadonga conheci o Ramon, outro veterano da lista que até agora não tinha tido o gosto de conhecer. Eu fui de carro para casa desde ali, e os outros regressaram de bicicleta a Llanes. Creio que Ramon disse que se nos tivéssemos inscrito, os da lista, como se tratasse de um único clube, teríamos ganho o trofeu do clube mais numeroso, mas não. Nava 2000 participou com mais de 20 ciclistas, e o clube que ganhou esse trofeu levou quase 40....assim não teríamos ganho nem por sombras). De todas as formas, sempre é boa ideia tê-lo em conta para outros eventos cicloturistas em que nos reunamos.
No que respeita à organização....creio que há que dizer umas quantas coisas. Creio que em muitos aspectos a organização deixa muito a desejar, mas não creio que façam negocio com a cicloturista dos Lagos.....o que se passa é que é muito discutível o seu critério de distribuição do dinheiro. Vejamos: Uns 2900 ciclistas a 3000pts a inscrição, perfazem um montante inferior aos 9 milhões de pesetas (54091,09 euros, - desta vez não me equivoquei).
E os seus gastos: contratar a Guarda Civil para vigiar a estrada, e lhes cortar o transito... custou: Um milhão e meio de pesetas (9015,18 euros). (Os Lagos encerrados desde as 8 :30.... de mal a menos, porque com o dia como estava a subida ia ficar impossível....havia de ter que ver, toda aquela gente que estava em Covadonga, e que tinha ido até ali com a esperança frustrada de subir aos lagos....parque natural convertido em romaria aos fins de semana, quando está bom tempo).
(A organização alugou um hotel inteiro em Llanes durante dois dias para organizar a marcha....dado que eles não são de Lanes, e sim de Nava. Não sei quanto isto custou, mas de certeza que uma burrada.
Creio que têm que pagar algum dinheiro pelos possíveis danos ecológicos que fazem os participantes ao parque natural....supõe-se que para pagar a recolha do lixo??
A petiscada de Llanes (a que eu não fui) custa umas massas....embora todos estejamos de acordo de que o melhor era se a guardassem, gastando mais em abastecimento ou cobrando menos de inscrição.
As pessoas da organização, na sua maior parte, não são do clube, eles participam na prova....e não sei se os toparam, mas tinham conhecimentos, mas muitas, muitas pessoas, com o peito amarelo da organização, em todos os cruzamentos que são muitos...pois bem, creio que lhes pagam algum dinheiro, a esses dos cruzamentos.
Sei que dantes retiravam algum dinheiro que entregavam a uma equipa ciclista de cadetes....mas creio que hoje em dia não retiram um tusta....em qualquer caso è um clube que não cobra nada por se ser membro, assim se se auto financiam por intermédio da prova é porque precisam. Suponho.
Em definitivo, não creio que se encham de ouro graças à prova, mas parece-me muito muito discutível a sua forma de administrar uma quantia tão elevada.
Quanto à assistência medica e mecânica creio que estiveram bem. Uma bicicleta de 2 lugares (tandem) partiu uma roda (???) durante subida aos Lagos e fizeram subir uma roda na moto,
desde Covadonga com bastante celeridade.
Outro tema em que se tocou na C.lista, antes dos Lagos e que deixa rasto, é o de fazer parar os cicloturistas que se escapam logo nas primeiras mudanças. Este ano não os fizeram parar. Chegaram a ter uma diferença de 15 minutos....coloquem-se na situação de qualquer pessoa que quer ou necessita circular pela estrada, mas impedem-lhe a passagem uns cicloturistas que vão fugidos. E essa pessoa fica parada num cruzamento esperando e esperando....e vê que pela estrada não passa ninguém durante quinze minutos....e após esse tempo passam montes de ciclistas, sabe Deus durante quanto tempo (porque não é um pelotão de 200 ciclistas ao todo como numa competição oficial...são quase 3000 cicloturistas com níveis muito distintos)...o mínimo é apanhar uma pilha de nervos tremenda....E o mais engraçado é que, segundo me disseram, desses escapados que chegaram a ter 15' de vantagem o melhor chegou no posto 100. Creio que, se fecham a estrada para os cicloturistas é normal que não consintam fugas....pelo menos até ao final. E não deveriam tê-lo feito este ano.
O tema da lixeira: Deram-me como desculpa para o facto de não haver comida lá no cimo de que as pessoas eram muito porcas (o que é verdade) e atiravam foras todos os invólucros pelo chão, e isso não se pode permitir num parque natural. Mas que parvoíce de desculpa....vamos a ver se não se podem pôr figos, amêndoas, maçãs, etc. De todas as formas no abastecimento de Covadonga davam as garrafas de agua abertas e as de coca também, para que a gente não levasse as taras, uma medida que me pareceu acertada (depois do que tinha visto a seguir ao abastecimento real)....pois não vá a gente, em vez de deixar as garrafas vazias nas mesas, ou nos sacos de lixo (ou inclusive no chão), e as deitam atrás de tudo, num sitio em que havia umas balsas, onde a gente ia mijar...mas não é que as deixassem ali...senão que as lançavam até as balsa...estão a ver os da organização depois a ir por ali adentro das balsas mijadas para recolher a merda que deixam os PORCOS. Tampouco “cacei” algum destes.
E bom...isto é tudo...pelo menos tudo o que se me ocorre agora.
Ciao!