01 de Outubro de 2009

Olá a Todos.

Ante as continuas suposições e preocupações por parte de lguns membros da Ciclolista, tenho que desmentir rotundamente que não me passou nada de especial na marcha dos Lagos. E digo nada de especial, porque o que me aconteceu, é o que acontece a qualquer "PARDALITO" na sua primeira marcha organizada.

Como não podia ser de outra maneira, o escrivão pagou a novidade de não se poupar atrás de um grupito, em vez de se pôr a puxar como um burro na 2ª das montanhas, nos troços de ligação, depois do primeiro "abastecimento" e depois da 2ª montanha; e não é que fosse por falta de companhia já que desta vez a representação da Ciclolista foi mais numerosa que a foi junta em Angliru, e estou certo de que eles fizeram o troço do primeiro "abastecimento" ao 2º, mais suave que eu , mas ....

Quando me viram na Huesera estava saboreando a paisagem calmamente porque não podia nem com a alma. E depois de todo o suplicio que é, calcula-se, chegar até o lugar desde de onde se vê o primeiro lago, e após observar que a meta estava situada no segundo , pensei "que me tinha perdido  ali em cima " e pus os pés em polvorosa na direcção contraria.

Por outro lado quero desculpar-me perante todos os que esperastes por mim lá em cima, por não ter conseguido chegar, mas é que estava todo roto.

Gostaria de comentar a enorme desilusão que apanhei nesta marcha (espero que não sejam todas iguais) enquanto à organização. Partindo do principio que se maneja uma quantidade excessiva de gente, gostaria de dizer que se lhes foge do controle deveriam tentar fazer uma marcha de mais qualidade e com menos gente, em vez de reduzir a qualidade da mesma com o único objectivo de encherem os bolsos. Abastecimentos escassos, perfil da marcha terceiro-mundista, nula sinalização de curvas perigosas e de passagens de nível, massificação nos autocarros (creio que deve ter sido o que motivou, a mais que um, voltar a Llanes de bicicleta fazendo 50 Km extras), etc.....

Uma coisa que também me surpreendeu foi ver como eu estando lá em cima entre as 14:00-14:30 e que quando eu baixava já subia a guarda civil, abrindo a estrada com uma fila impensável de carros atrás, quando todavia ainda havia gente a subir lá para trás, e no folheto da organização, estava bem claro que o fecho de controle era às 16:00, e que a estrada estaria cortada ao transito, desde as 11 da manhã até à dita hora.

A verdade é que não sei porque é que me surpreendo, se inclusive foi eliminada a marcha do circuito de ciclismo a fondo por a organização se ter negado a reduzir 500 pts no acto da inscrição aos participantes do dito circuito .

Não sei, crio que para o ano que vem se me passar pela cabeça voltar, o farei sem inscrição, já que não compensa o desembolso de dinheiro com o tratamento recebido.

publicado por Ubicikrista às 16:53

Olá a todos:

Como sempre, dos últimos nisto de enviar a crónica. Como já se contou muito à cerca da marcha, não me estenderei.

Às 5:20 da manhã de sábado, 10 minutos antes de soar o despertador, acordei sozinho e decidi levantar-me para matar o jejum, preparar as ultimas coisas e partir até Llanes (uns 100 Km).

Chego a Llanes perto das 7:30 (gosto sempre de chegar com tempo suficiente), estaciono e vou levantar o dorsal. Ali, encontro-me com Pablo Carcaba, que estava na organização, e dado que
tinha bastante tempo, estivemos na conversa um bocado. Dez minutos antes da hora de encontro estipulada, como uma sanduíche, dado que o desjejum tinha sido já esquecido pelo meu organismo. às 8:30 encontramo-nos no lugar estabelecido e  apresentamo-nos mutuamente os que não nos conhecíamos. A saída é dada pontualmente, e, ainda se falou em ir com calma, mas sai-se num ritmo vivo. Até à primeira subida o terreno é fácil, e vamos mais ou menos todos juntos (os da lista,
entenda-se). Quando começa a subida para Torneria, cada qual sobe com a suas forças (ou vontade de as gastar), e até Llanes não nos voltamos a juntar. A subida é complicada ao principio, com os maiores desníveis, e com muita gente em pelotão, que em muitos casos não te permite progredir. Após passar o topo, paro para fazer um 'xixi' e imediatamente encaro com a descida. Na primeira curva, muito fechada, estão a avisar de que houve uma queda. Um ciclista está espetado numa
rede que a organização colocou para que ninguém saia borda fora num ponto muito complicado. As curvas perigosas não estão marcadas, mas também é verdade, que no alto da montanha há uns cartazes que anunciam uma descida perigosa. A metade da descida livrei-me pelas pontas de uma queda que se deu por dois ciclistas se terem enganchado. Graças a Deus (para os que vínhamos detrás) os ciclistas e as suas bicicletas foram a barreira. Um ou outro, dos que vinham ao meu lado,  deteve-se para os ajudar. Eu segui quando vi que havia gente a parar, pois com o "transito denso" que havia, tinha medo que me batessem.

Chegamos a Llanes, juntamo-nos, comemos e bebemos (o que escassamente a organização tinha disponível) e continuamos. Até chegar à base de Covadonga, já está tudo bem contado como foi. Começámos a subida aos Lagos com calor demais para o meu gosto. Sinto-me bastante bem, mas apesar disso, ponho o desarrolho mínimo que trazia lá de baixo (39x25).

Até à zona de Huesera subo num ritmo aceitável, adiantando malta e saudando alguns conhecidos (entre eles, um do meu clube que tem 70 anos). Quando encaro a Huesera,  modifica-se ligeiramente a paisagem. A gente retorce-se na bicicleta, nalguns casos fazendo zig-zag, o que torna difìcil fazer ultrapassagens. De facto, um deles fez um "zig" demasiado longe e antes de poder fazer o "zag" meteu-se na barreira, com a subsequente queda. Passada a Huesera, e após um "descanso" chegam as curvas de Dua, acho-as acho mais duras que a própria Huesera. Passo-as apertando os dentes, mas sei que imediatamente a seguir vem um descanso daqueles a sério. Mais em cima, na parte do Miradouro da Reina, faço um gesto estranho com uma perna e dá-me uma ameaça de cãibra. Assustei-me um pouco, porque me parecia que ia bem, mas todavia faltava ainda o suficiente para ficar estendido na valeta. Portanto,  tomei a coisa com calma, e dai até à chegada não apertei em mais nenhum momento. No final, posto 908, bastante bom para mim.

O regresso a Llanes já foi narrado perfeitamente pelos demais, assim não insistirei. Agradecer, unicamente, o fabuloso  trabalho do Ramon puxando por nós boa parte do caminho.

Em resumo, um dia fantástico, onde nos juntámos um bom punhado de ciclo-listeros e que fomos capazes de ir uma boa parte do caminho todos juntos (ainda que conversando menos do que tínhamos previsto inicialmente).

publicado por Ubicikrista às 16:52

A partida era às 9 horas, e eu cheguei às 8:55...tive uns problemas com o carro...e por pouco não chego...de facto pensei que não ia chegar a tempo para a partida. Vesti-me rapidamente, e parti. Parti bastante à frente, porque tomei a saída num ponto ligeiramente adiantado do sitio real da partida. Mesmo quando parti já há um bocado que passavam ciclistas....o que se passa é que 3000 ciclistas demoram muito em partir. No principio fui com calma, depois dos problemas por pensar que não chegava a tempo, necessitava  descontrair-me um pouco....e passou-me bastante gente, recordo um que devia fazer culturismo porque cada uma das suas pernas fazia duas das minhas, e os braços igualmente gordinhos como as pernas, e umas costasssss...vamos que o tipo devia consumir uma garrafa de oxigénio nas subidas para alimentar todo aquele músculo, e ainda por cima com o que deve  pesar....o caso é que não o voltei a ver....não sei se o passei sem me dar conta ou então andava mais que eu. Depois já fui acertando um ritmo mais forte, até chegar à primeira dificuldade montanhosa. Ali passei bastante gente, sem demasiados problemas no meio de uma molhada deles  (suponho que por ir bastante à frente, e a molhada por estar a ficar para trás), subestimei a dureza da montanha e no final tornou-se-me mais difícil do que devia, mas não afrouxei, a descida era muito perigosa, com curvas muito fechadas que nem sempre se avistavam, uma grande pendente, e sobretudo um importante precipício. A organização tinha posto no principio da montanha um cartaz indicando que a descida era perigosa, mas não tinha nenhum sinal a avisar das curvas perigosas. Mas colocaram uma rede que impedia que fosses pelo precipício abaixo, eu não assisti a nenhuma queda, mas se há muito maluco, porque alguns passavam-me na descida (normal), mas outros adiantavam-se-me nos momentos complicados fazendo verdadeiras loucuras (e com o risco de irem parar com o corpo ao chão e arrastarem também o meu com eles).....enfim. Perdi um monte de posições na descida. De seguida, quase sem tramite chega-se novamente a Llanes onde estava o primeiro abastecimento (eu diria que o único...porque era o único solido). O abastecimento pareceu-me abundante...sim...sim abundante. É que alguns se queixaram de que era curto. O que se passou foi que para os primeiros, era abundante, mas para os detrás não. Eu ainda apanhei de tudo, mas sem abusar. Sem dúvida que havia alguns garraios que sacavam, sacavam e sacavam....por exemplo davam uns pastelinhos de chocolate (de Dulcesol....esta é para o Pablo Prieto), aos quais não vejo muita utilidade numa cicloturista....mas é que houve uns quantos que tiravam os pastelitos, os tais, e metiam-nos no bolso da camisola (incrível!!! Como se o chocolate não se derretesse....cuá! Como se na camisola lhes fizesse falta chocolatado!). Adiantei-me até ao final do abastecimento e vi uns gordos desses com cesta onde levam pessoas, que estavam de partida...havia um que andava um pouco abananado mas finalmente partiu...eu observava tudo isso, enquanto comia descontraídamente (tinha observado a média e como era de 28km/h supus que a malta da ciclolista andaria lá para trás...assim decidi esperar por eles). Já me tinha cansado de esperar e ia embora quando ouvi a voz do Charly que me saudava...tinha acertado, vinham detrás!) Perguntei-lhe pelos outros e disse-me que vinham atrás dele e do Faco, que andava por ali...de seguida apareceu Faco, e daí a pouco Fernando e Angel (que de inicio não reconheci, tinha-o conhecido o ano passado, mas vestido à paisana). Um pouco mais tarde apareceu Eugenio...e então  Charly que estava muito inquieto e foi-se embora. Perguntei pelo Ramon, embora não o conhece-se, e disseram-me que andaria lá para trás....depois inteirámo-nos de que não... na melhor das hipóteses ia na minha zona, de inicio...não sei. Apercebi-me, através da sua crónica, de que o Eugenio queria Aquarius e não havia....se chega-se a saber dava-lhe do meu bidão ....que não cheguei a terminar, e deixei encetado - (bom, após as "broncas" por não ter aparecido no encontro das 8:30, partimos de novo, o Eugenio pôs-se a acelerar no plano, com alguns relevos do Fernando e meus. Mas quando havia alguma subidita o Faco, que se pica com qualquer serra mínima,  ia para a frente (suponho que não está muito acostumado ao irregular terreno asturiano, porque se andasse habitualmente por aqui não se picaria com estas subiditas)) ....pouco a pouco, com a desculpa de me castigarem por chegar tarde, foram-me deixando puxar a mim, a verdade, é que me apetecia puxar no plano, estava bastante calor e o Sol colava, e isso calha-me  muito bem é no plano....ainda que me custe também subir (suponho que terá a ver com a minha pulsação mais alta que o normal) .... chegámos à segunda montanhazita que é muito alongado e o Faco vai ao meu lado, conversamos um pouco, até que me começam a doer as pernas e decido afrouxar. Faco vai para a dianteira e os outros já se tinham ficado. Na subida e na descida vejo um monte de invólucros de barras energéticas...atirados para ali, o que me chateia bastante...mas não vi ninguém atirar nada...assim guardei a vontade de dar uma bronca a algum porco. A estrada estava fechada, pelo menos no sentido do nosso andamento, e tinha sempre alguém da organização em todos os cruzamentos e caminhos para evitar que se metesse algum carro à estrada....muito bem. Depois da descida aperto para apanhar um grupo grande que tinha ao meu alcance (por certo que nas povoações as pessoas aplaudiam-nos, e as crianças gritavam e tudo....tal como aos profissionais). Pouco a pouco o grupo em que estou vai-se tornando maior, com grupos que vinham por detrás, e como o grupo em que vou vai-se poupando isso facilita as coisas, eu não incrementei o andamento porque deitando uma vista de olhos às caras do pessoal do grupo (aos que íamos na cabeça deste), fiquei convencido de que o que ia pior eu era.... tinha bastantes dores nas pernas, suponho que pagando a factura de ser só a terceira vez que andava em Maio, por culpa dos estudos (no dia 1, prova de 200 km com o C.C.Oviedo, e a cicloturista da Gamonal...tinham sido as minhas outras duas saídas....). Finalmente chegámos a Covadonga onde cheguei com alguma fome...e TCHAN, o abastecimento só é liquido: água ou coca-cola....nada mais. Ao principio não vi ninguém da lista, depois já vi que estavam por ali: Charly, Faco, Angel, Fernando e Eugenio. Quando nos dispusemos a afrontar os lagos (ia ser a minha primeira vez que subia aos lagos, pensei que seria mais ou menos como em Pajares....mas tornou-se-me muito mais difícil, não sei se pelo calor, ou porque é realmente mais difícil...por certo que na Volta'97 Tonkov ganhou em ambas as subidas). Dei-me conta de que estava ali o Javier Murillo...não tinha nem ideia do que ele tinha assistido...assim parei para falar com ele....depois de um intercâmbio de impressões, atire-me para o cimo, com pena de ter ficado sem a possível  companhia dos outros para a subida, o bom disto tudo é que tinha descansado de mais. Ao principio, como as arvores tapavam o sol e estava fresquito, encontrava-me muito bem, ainda ia controlando, mesmo assim doía-me bastante o joelho direito, quando desapareceu a sombra,  faltando já pouco para a Huesera, comecei a afundar-me...a Huesera pensava fazê-la facilmente, dado que  me dou bem com as percentagens bastante pronunciadas, mas não foi assim, justamente no inicio da subida comecei a ouvir latidos a retumbarem-me os tímpanos, e o coração sentia-o a mil à hora (não tenho pulsómetro), isso não era bom sinal para começar a Huesera. A Huesera tornou-se-me eterna...vou cada vez mas devagar, cada vez mais cansado, e mais doido (as pernas doem-me uma barbaridade), sento-me algumas vezes, mas não tenho “pica” sentado, assim tenho que pôr-me de pé para continuar a avançar. A dado momento antes da metade, pergunto a mim mesmo se haverá algum motivo para não pôr o pé em terra como fazem alguns que vão comigo, e não encontro nenhum; Se me lesionar tanto me faz, a minha temporada só dura até Agosto (pelos exames), e se me apear nos Lagos, ficarei com uma espinha cravada de não os ter subido de seguida, e teria que voltar para a fazer tudo à primeira...e não tinha nenhuma vontade de voltar ali....assim olvidei-me de qualquer tentação de me descer. No final assim que oiço a voz do Charly: "Venga David!", Procuro-o de uma mirada como posso, porque tinha os olhos cheios de suor e não via nada com o fita nos olhos, por fim avisto-o, mas não o posso saudar, nem fazer nenhum gesto com a cara...creio que se me estampou o ríctus do sofrimento na cara e não era capaz de o tirar. Já tinha conseguido o nível de concentração que me permitia sofrer a tope (de facto até ao momento em que procurei avistar o Charly não me tinha inteirado de que tinha os olhos cheios de suor). O Charly disse-me algo assim como, “mas que vontade de sofrer que tu tinhas”....suponho que pela minha cara. Recordava as palavras de Javier, que me dissera que passando o Miradouro da Reina já estava feito. Bom, pois quando vais mal isso é mentira! – (Tornou-se-me eterno até ao Mirador....o Miradouro não foi tão difícil como esperava...de facto pareceu-me tão difícil, como tudo o que já fizera, e como tudo o que faltava fazer...realmente tornou-se-me muito difícil...e repetia para mim  mesmo uma e outra vez que não me voltariam a ver por ali...isto ajudava-me a terminar, ou pensar que se conseguisse não teria desculpa para voltar e isso também ajudava.... enfim, no próximo ano logo se verá, mas nas piores altura serviu-me de truque. No final, creio que fiz 1115 ou algo parecido, mas tanto se dá...se me tivesse importado a classificação não tinha parado no primeiro abastecimento e esperado pelos outros. O importante para mim era subir os Lagos na estreia, e fi-lo. A minha média até Covadonga era 27km/h, e lá em cima só 21Km/h ...ou seja uma ascensão patética (na da Gamonal, como referencia, em Soterrana a media era 19'5Km/h, e na Via Para, também 19'5km/h). No cimo vi o Eugenio, e um tipo do CC Oviedo que a organização tinha contratado como massagista, que me viu com as pernas tão atadas ao caminhar, que disse que me dava uma massagem. Depois da massagem recuperadora (no dia seguinte não me doíam nada as pernas), o Eugenio ajeitou-se, e também a ele lhe deram a massagenzita. Depois, quando já íamos a descer vimos os outros da lista, e tirámos fotos. Após as queixas  porque não tinha havido comida no cimo, descemos. Embaixo em Covadonga conheci o Ramon, outro veterano da lista que até agora não tinha tido o gosto de conhecer. Eu fui de carro para casa desde ali, e os outros regressaram de bicicleta a Llanes. Creio que Ramon disse que se nos tivéssemos inscrito, os da lista, como se tratasse de um único clube, teríamos ganho o trofeu do clube mais numeroso, mas não. Nava 2000 participou com mais de 20 ciclistas, e o clube que ganhou esse trofeu levou quase 40....assim não teríamos ganho nem por sombras). De todas as formas, sempre é boa ideia tê-lo em conta para outros eventos cicloturistas em que nos reunamos.

No que respeita à organização....creio que há que dizer umas quantas coisas. Creio que em muitos aspectos a organização deixa muito a desejar, mas não creio que façam negocio com a cicloturista dos Lagos.....o que se passa é que é muito discutível o seu critério de distribuição do dinheiro. Vejamos: Uns 2900 ciclistas a 3000pts a inscrição, perfazem um montante inferior aos 9 milhões de pesetas (54091,09 euros, - desta vez não me equivoquei).

 E os seus gastos: contratar a Guarda Civil para vigiar a estrada, e lhes cortar o transito... custou: Um milhão e meio de pesetas (9015,18 euros). (Os Lagos encerrados desde as 8 :30.... de mal a menos, porque com o dia como estava a subida ia ficar impossível....havia de ter que ver, toda aquela gente que estava em Covadonga, e que tinha ido até ali com a esperança frustrada de subir aos lagos....parque natural convertido em romaria aos fins de semana, quando está bom tempo).

(A organização alugou um hotel inteiro em Llanes durante dois dias para organizar a marcha....dado que eles não são de Lanes, e sim de Nava. Não sei quanto isto custou, mas de certeza que uma burrada.

Creio que têm que pagar algum dinheiro pelos possíveis danos ecológicos que fazem os participantes ao parque natural....supõe-se que para pagar a recolha do lixo??

A petiscada de Llanes (a que eu não fui) custa umas massas....embora todos estejamos de acordo de que o melhor era se a guardassem, gastando mais em abastecimento ou cobrando menos de inscrição.

As pessoas da organização, na sua maior parte, não são do clube, eles participam na prova....e não sei se os toparam, mas tinham conhecimentos, mas muitas, muitas pessoas, com o peito amarelo da organização, em todos os cruzamentos que são muitos...pois bem, creio que lhes pagam algum dinheiro, a esses dos cruzamentos.

Sei que dantes retiravam algum dinheiro que entregavam a uma equipa ciclista de cadetes....mas creio que hoje em dia não retiram um tusta....em qualquer caso è um clube que não cobra nada por se ser membro, assim se se auto financiam por intermédio da prova é porque precisam. Suponho.

Em definitivo, não creio que se encham de ouro graças à prova, mas parece-me muito muito discutível a sua forma de administrar uma quantia tão elevada.

Quanto à assistência medica e mecânica creio que estiveram bem. Uma bicicleta de 2 lugares (tandem) partiu uma roda (???) durante subida aos Lagos e fizeram subir uma roda na moto,
desde Covadonga com bastante celeridade.

Outro tema em que se tocou na C.lista, antes dos Lagos e que deixa rasto, é o de fazer parar os cicloturistas que se escapam logo nas primeiras mudanças. Este ano não os fizeram parar. Chegaram a ter uma diferença de 15 minutos....coloquem-se na situação de qualquer pessoa que quer ou necessita circular pela estrada, mas impedem-lhe a passagem uns cicloturistas que vão fugidos. E essa pessoa fica parada num cruzamento esperando e esperando....e vê que pela estrada não passa ninguém durante quinze minutos....e após esse tempo passam montes de ciclistas, sabe Deus durante quanto tempo (porque não é um pelotão de 200 ciclistas ao todo como numa competição oficial...são quase 3000 cicloturistas com níveis muito distintos)...o mínimo é apanhar uma pilha de nervos tremenda....E o mais engraçado é que, segundo me disseram, desses escapados que chegaram a ter 15' de vantagem o melhor chegou no posto 100. Creio que, se fecham a estrada para os cicloturistas é normal que não consintam fugas....pelo menos até ao final. E não deveriam tê-lo feito este ano.

O tema da lixeira: Deram-me como desculpa para o facto de não haver comida lá no cimo de que as pessoas eram muito porcas (o que é verdade) e atiravam foras todos os invólucros pelo chão, e isso não se pode permitir num parque natural. Mas que parvoíce de desculpa....vamos a ver se não se podem pôr figos, amêndoas, maçãs, etc. De todas as formas no abastecimento de Covadonga davam as garrafas de agua abertas e as de coca também, para que a gente não levasse as taras, uma medida que me pareceu acertada (depois do que tinha visto a seguir ao abastecimento real)....pois não vá a gente, em vez de deixar as garrafas vazias nas mesas, ou nos sacos de lixo (ou inclusive no chão), e as deitam atrás de tudo, num sitio em que havia umas balsas, onde a gente ia mijar...mas não é que as deixassem ali...senão que as lançavam até as balsa...estão a ver os da organização depois a ir por ali adentro das balsas mijadas para recolher a merda que deixam os PORCOS. Tampouco “cacei” algum destes.

E bom...isto é tudo...pelo menos tudo o que se me ocorre agora.

Ciao!

publicado por Ubicikrista às 16:51

Olá a tod@s.

Aqui vai a minha super-crónica sobre a marcha cicloturista dos Lagos celebrada no sábado passado.

Difícil começo teve a jornada, já que tive que me levantar às 5:15 da manhã para poder estar em Llanes antes das 8:30 para levantar o dorsal, e isso tendo dormido mal toda a noite já que por ter que madrugar tanto, fui para a cama sem ter sono suficiente.

Uma vez em Llanes, o objectivo a cumprir na marcha era viver o ambiente no meio de tanta gente (não é só vir às marchas) e subir os Lagos de uma assentada, sem importar o posto na classificação, para o qual tinha a intenção de ir muito devagar sem fazer nenhum desgaste de energias. O dia era de sol e a temperatura agradável, perfeito para a prática do ciclismo.

Mal se deu a partida já o meu companheiro e eu vamos ficando para atrás, embora sem irmos devagar já se nota a diferença das nossas bicicletas para as da F1 (ele leva btt com sligs, e eu híbrida com pneus de 28 e 38). Aos 10 quilómetros chega um momento em que nos encontramos sós, olho para atrás e ao longe só vejo vir uma ambulância (então recordo-me das crónicas que conta a Maria Fuster) e fico na pior: "Vamos, são os últimos". Por sorte ao passar a ambulância todavia ficava mais gente para trás, e esta só se adiantou para socorrer um ferido por queda.

Começámos a subir a Tornería (que por este lado tem outro nome que agora não me lembro) e acuso a mudança de ritmo do plano para inclinado, mas pouco a pouco vou acertando num bom ritmo de subida. Pouco antes de chegar ao alto, lanço um vista de olhos para atrás e vejo ao longe as ambulâncias, e adiante o que suponho ser o resto dos participantes, que não parecem ser muitos. No falso plano que há antes de começar a descida avivo o ritmo e recupero um monte de postos, enquanto muita gente aproveita para pedalar mais descontraidamente. Uns cartazes avisam que a descida é muito perigosa e logo na primeira e mais perigosa curva, um participante estava no chão e que só por mero acaso não tinha ido precipício abaixo, graças a uma rede que impedia a saída. Apesar das precauções realizei uma boa descida ganhando também posições pouco a pouco.

À entrada de Llanes oiço chamarem-me: é o Fernando Alvarez; converso um pouco com ele e pergunto-lhe pelos outros. Surpreende-me que venham para trás. Depois de uma breve paragem no abastecimento continuamos a marcha e daí a pouco o Fernando volta a alcançar-me, desta vez com o Faco e o Eugenio; saudamo-nos e trocamos ânimos mutuamente.

Começa a Robellada e acuso outra vez a mudança de ritmo, mas de seguida recupero a pedalada alegre e, aproveitando-me do meu companheiro, chegamos ao alto, recuperando distancias variadas aos grupos que nos precediam. Na descida juntamo-nos num grupo numeroso, que temos que abandonar quando chega o plano-plano, pois começam-se a sobrecarregar as pernas e não é de mais descontraí-las um pouco, quando só faltam uns 10 quilómetros para chegar a Covadonga. Ali recebo uma grande decepção ao ver que o abastecimento só se compõe de agua e Coca-cola quente (não obstante ter sido avisado pelo Faustino). Enquanto descanso converso um bocado com o David e também trocamos ânimos perante o que nos falta.

Começo a sentir fome e “meto” uma barra energética que me restava do abastecimento de Llanes e sem mais delongas começamos a subida aos Lagos. Vamos muito devagar, não por medo mas sim por respeito.

Desde o principio que levo posto a pedaleira pequena para subir à mesma velocidade do meu companheiro, mas ele empenha-se em ir com o médio, ainda assim vai mais atrancado. Eu, que subo melhor que ele,  proponho-me acompanhá-lo até ao Miradouro da Reina pelo menos, já que sei que o ajuda bastante ver-me a seu lado, e com as minhas constantes palavras de ânimo. Também é de agradecer  todos os ânimos que recebemos do público que se aglutina nos bordos da estrada e o bom humor que exibe boa parte dos participantes, enquanto sobem pendentes de 10%. Chega o sexto quilometro de subida e com ele a temida Huesera. Ali muita gente põe o pé em terra: horror, perigo de contagio! Ainda que vá muito devagar, deixo pessoal para trás em barda; só se me adianta um que vai apoiado na asa da porta de uma ambulância. Todavia ainda não saí da Huesera e já começam a dar-me ameaças de picadas nos joelhos e músculos. Creio que é por ir demasiado devagar, desaproveitando energias. De todos os modos o meu companheiro cada vez está mais longe, assim decido puxar um pouco mais forte até ao Miradouro da Reina e esperá-lo no plano. Justamente antes do Miradouro nas curvas de Dua o espectáculo é todavia mais horrível que na Huesera, e até desmoraliza um pouco fazer esta subidinha tão difícil, quando já temos a Huesera superada e se pode pensar que já passou o pior.

Aproveito o descansozinho no Mirador, para em andamento, tentar massajar um pouco as pernas e para ver se o meu companheiro me alcança, mas este nunca mais chega, assim, decido que a combinação entre a reserva de forças e a dureza dos Lagos exige que cada um suba no seu ritmo. É então que me apanho em condições de conseguir um bom ritmo de subida, e a partir do Mirador, começo a deixar para trás gente e mais gente. Um ou outro volta a adiantar-se-me mas volta a ficar para trás, é que eu vou com o ritmo muito certinho, conheço muito bem a subida, cada curva, cada rampa e sei onde se pode apertar um pouco mais e onde não convém. O que para os outros é um inferno eu chamo-o de lugar (no sei onde aprendi isto mas fica bem, eh ?). Pouco depois de passar a descida do Elefante cruzo-me com o Charly (como pudeste dar a volta tão perto do final?) mas não creio que me tivesse visto, até porque vou de lentes vermelhas. E como se a camisola de montanha desse forças, pouco antes de chegar ao lago Enol  mudo para a pedaleira média (35 dentes) e ainda faltam quase dois quilómetros e ataco já a chegada: tenho as forças necessárias e sei que o posso fazer. Desço junto ao lago esgalhadíssimo, a paisagem é impressionante mas não a admiro, já que quando vais nas últimas forças o mundo reduz-se ao angulo da estrada pela qual circulas (foi o melhor dia, meteorologicamente falando, de todos os que já apanhei nos Lagos, de bicicleta ou não, em toda a minha vida, e fui muitíssimas, mas com o tempo na Asturias, já se sabe...).

Último troço da subida: a estrada está numa miséria, mas para mim é igual. Se se pusesse a chover também seria o mesmo. Só me interessa que estou a chegar e que vou conseguir, e além disso vou bastante bem. Há um que  se pica comigo e ultrapassa-me, mas limpei-o, é que as poucas forças que me restam saem-me em catapulta e obrigam-me a ir muito forte. Afronto a última subida antes da chegada. Aqui decidi gastar-me todo e neste pequeno troço, ainda passo um punhado de colegas: devia fazer mais de uma hora que não chegava ninguém tão forte como eu cheguei, mas quando recebi o cartãozinho com o número de chegada já estavam a começar a dar-me picadas nas pernas. A última grama de energia utilizo-a para desenganchar o pedal à primeira, para não ir ter com o chão. Nesse momento oiço a chamarem-me: são os outros ciclo-listeros que todavia ainda estavam ali, em amigável companhia e com a extraordinária paisagem como fundo (captada nas correspondentes fotografias), parece que o alento se recupera melhor. Todavia transcorre um quarto de hora antes de que chegue o meu companheiro. Trás uma cara de mau aspecto, mas dou-me conta de que deve ser muito parecida com a que eu tinha quando cheguei. Tal como em Covadonga aqui só há agua e Coca-cola.

Enfim, a organização foi bastante forreta, mas o importante foi desfrutar de um bom dia de ciclismo, da companhia na estrada de inúmeros colegas, das estradas cortadas ao transito e da satisfação de rodar por um cenário único, como são os Lagos.

Por certo, fiquei em 1.293, como veies nada do outro mundo, ao contrario do que poderia parecer pelo que lestes mais atrás... 

Saudações de Javier Murillo desde Oviedo.

publicado por Ubicikrista às 16:50

Isto foi o que fizemos: Juanma e eu. Além disso não pensávamos ficar a comer (pelo que contais, não nos atrasámos muito) nem parar nos abastecimentos, ainda que, para ser sincero eu retirei agua no de Llanes e tomei uma Coca-cola na meta (até me deram o número da classificação para melhor poder levantar o diploma).

E quanto à crónica da marcha, creio que só falta a nossa. Partimos mais ou menos no centro do grupo, apesar das queixas de Juanma que queria partir lá à frente, para entrar nalgum grupo rápido. Nos primeiros quilómetros entretemo-nos a ultrapassar pessoal, puxando o Juanma ou pondo-nos à roda de qualquer um que nos ultrapassava, creio que levava as pulsações mais altas que na Huesera. A primeira montanha, subimo-la a bom ritmo, e quase sem dar-mos por isso chegamos de novo a Llanes. Um membro da organização ofereceu-me uma garrafa de agua e parei para encher o bidão. Continuamos imediatamente e outra vez a mesma historia, a toda a gáspea. Entramos num grupo que ia liderado por um fulano tipo locomotiva, e começamos a ultrapassar pessoal. Dá que pensar que ultrapasses tantos ciclistas depois de 35 km. e uma montanha relativamente difícil, quando praticamente, não tinhas abrandado. Na subida à segunda montanha um pastelento dum camião coloca-se entre nós e um grupo numeroso que vai na dianteira. Ultrapasso-o para não ter que suportar o seus maus fumos, mas não consegui a ligação com o grupo seguinte e volta-me a passar. Por sorte o ritmo dos da dianteira não é forte e à segunda consigo desfazer-me do camião. Acaba a montanha e sem mais obstáculos chegamos ao desvio para Covadonga. Pouco antes do começo da subida difícil, paro para fazer as minhas necessidades, e Juanma vai-se embora para fazer a subida cada um a seu ritmo (o dele, evidentemente, mais forte). Já sozinho (ainda rodeado de uma multidão de ciclistas desconhecidos e de público) começo a subir.

Aqui à uns anos já o tinha tentado e então fizera, metade a pé metade andando. Agora pretendo não baixar-me da bicicleta até à meta. Vou controlando as pulsações, sem passar de 160. Numa das curvas oiço o Juanma que me saúda lá do alto, saca-me umas centenas de metros, o que significa que não vou mal de todo. Aproxima-se a Huesera, e não quero nem olhar para a estrada. Começo a subir sem despregar a vista do pulsómetro, que está por cima dos 170. Cada segundo que passa é uma eternidade, mas quando levanto a vista já estou a meio da recta. Um pouco mais e por fim acabou-se.

A seguinte dificuldade, o Miradouro da Reina, preocupa-me menos, as rampas ainda são duras mas é um troço curto e sei que não terei problemas. Adianto-me a ciclistas que avançam andando e vejo a mesmo coisa de sempre dos anos anteriores. Chego à primeira descida, depois à segunda (que não agradeço, pois penso que no regresso as terei que subir) e por fim a meta. Uma Coca-cola à saúde da organização e vamos para baixo, pois Juanma já estava à uns minutos à minha espera.

O regresso até Llanes torna-se difícil, o primeiro troço fazemo-lo com três ciclistas de Baracaldo mas a meio da montanha não posso prosseguir no ritmo deles e Juanma fica à minha espera. Uma vez feita, já é quase tudo descida mas ainda nas poucas subiditas que há arrependo-me um pouco de não ter regressado de autocarro.

Mas todos chegamos e por fim, entramos nas ruas de Llanes. 150 km. e pouco mais de 6 horas sobre a bicicleta. Mudamos de roupa e decidimos partir, pois há que voltar a Salamanca. Pelo caminho continuamos a desfrutar o ciclismo, desta vez como espectadores, pois escutamos a retransmissão do Giro pela radio, que depois desta etapa já parece estar nas mãos de Pantani.

publicado por Ubicikrista às 16:49

Bom, pois agora calha-me a mim contar a minha visão da Cicloturista. Evitarei não insistir no que já ficou dito e abusar nas impressões próprias. Como já assinalei no outro “emilio”, para mim a marcha suporia a estreia em muitas coisas: andar no meio de um pelotão enorme, participar numa prova organizada, subir os Lagos e subir uma montanha de categoria especial (até aqui só subi duas: o Pajares e S. Isidro e não há comparação). Pela minha estrutura física (1,87 e 83 quilos), subir esta montanha tinha um ponto de arrojo e ousadia (o meu sim tinha mérito e não o de "sem pica" como o do Faco).

A historia da marcha até à Basílica já foi contada por outros. Só acrescentarei que me deu muita pena um ou outro acidente que vi. Ainda que não tivesse consequências muito desagradáveis, parecia-me muito penoso que pessoas que tinham feito muitos quilómetros de carro e uma grande preparação, vissem como ia tudo ao ar em poucos quilómetros, devido a um enganchamento da bicicleta. Gostaria  de assinalar sobre este trajecto, que Faco insistia de que estava receoso no que respeita ao tempo que faria na subida, que necessitava de calor. Desta conversação lembrei-me eu  varias vezes, quando um nortenho como eu, que gosta de andar com tempo fresquinho, suava em gotas grandes debaixo de um sol  tremendo, na subida dos Lagos.

Ao começar a subir ia com o respeito que supõe uma subida tão difícil e tão pouco conhecida (de bicicleta) para mim. Mas uma vez que passei as primeiras rampas apanhei o que para mim é um bom ritmo de cruzeiro. Inclusive, permitia-me o luxo !!! numa subida como esta !!!! de ir ultrapassando pessoas. Desgraçadamente passei pelo Charly. Digo desgraçadamente porque isso só pode acontecer se o Charly for realmente mal. Sugeri-lhe que pusesse o capacete (pelo sol), mas a voz do além com que me respondeu, caiu-me como uma espinha difícil de engolir. O problema chegou na Huesera. Subia muito perto do meu limite e preferi parar justamente no final da rampa. Recuperei forças durante três ou quatro minutos e retomei a subida. Fiz bem, porque o resto da subida fui sempre bem, do bem que se pode esperar naquela situação. No final cheguei no posto 1087. O número é o menos. Aqui há seis ou sete anos, quando só andava de bicicleta para sair um pouco nos dias de verão, experimentei subir pela primeira vez a Robellada (montanha incluída nesta marcha) e subia-a mais tempo apeado do que de bicicleta. O meu único objectivo nesta marcha era chegar ao cimo e fi-lo em melhores condições do que esperava.

Como alguém já vos contou (Ramón, he, he) ocorreu-lhe que o percurso era curto e levou-nos a todos de excursão outros 55 quilómetros. A verdade é que ao Ramón lhe sobraram forças e que fez a viagem toda sempre com a mão no travão. (!!! mas oiçam, e o que desfrutou observando a paisagem, quê!!!)

Como podeis imaginar, após a finalização da marcha iniciaram-se as correspondentes actividades complementares, já relatadas por outros ciclolisteros.

Quero assinalar algumas sensações como resumo da marcha:

-          Subir os Lagos, sem carros e sem ruído é realmente impressionante. Chegar de bicicleta às zonas das aguas lá de cima, numa dia de sol e com a neve ao fundo é difícil de esquecer.

-          é uma delicia ("toca-nos" muito diríamos aqui) andar com pessoas como os ciclolisteros quando nos juntamos e que têm claras algumas coisas sobre competitividade, tempos livres, andar de bicicleta, ir para a estrada com amigos, ... (Um exemplo: esperou-se religiosamente, e sem uma única má cara em todos os abastecimentos, não se usaram cotovelos para conseguir postos dianteiros na  partida e manteve-se o grupo sempre unido enquanto isso foi razoável, ...)

-          No próximo ano voltarei!

Uma saudação (especialmente para os ciclolisteros que estão a preparar o Paris-Brest e que agora estarão a caminho de Santiago: Luis, Antonio, !!!Sois uns monstros!!!)

Eugenio M. Zamora

publicado por Ubicikrista às 16:48

Que bom, que bom, que bom, que bom, que bom, que bom, que bom……

Desfrutei como uma criança de todo este fim de semana. Classifico-o de ciclo-gastro-turismo.

A marcha, com as faltas graves das organização típicas. Ou seja:

-          Não tinha Acuarius para todos, só para os 500 primeiros.

-          O trofeu continua a ser entregue aquando do levantar do dorsal.

-          O trofeu é um cacho de chumbo em forma de ciclista magrinho.

-          Os abastecimentos brilham pela ausência de qualidade e quantidade.

-          Etc, etc, etc……

Isto sim, não sei como a organização fez para chegar a acordo com o homem do tempo, e fazer com que retirasse as nuvens e as neblinas do percurso. Suponho que lhe untaram as mãos com o dinheiro que sacaram das inscrições e não o gastaram em mais nada.

Bom, já metidos na marcha. Saímos quase todos juntos e rolamos quase na cauda do pelotão logo à partida. Pouco a pouco vamos avançando postos até que começamos a subir para Tornería. Não tem nada a ver com o ano passado, desta vez subia-se por uma parte muito mais suave.

Já na descida reagrupamo-nos um pouco e encontramo-nos no abastecimento. Depois seguimos até  Robellada e voltamo-nos a desagregar, para nos reagrupar-mos no curto plano até Cangas de Onís.

 No abastecimento de Cangas voltamo-nos a reagrupar e começamos a subir com sorrisos nervosos, tentando recordar a sensação de dureza do ano passado.

Cada um pega no seu ritmo e começámos a subir. Eu como sempre ponho a redutora e começo a subir muito, muito, muito calmo. O grupo alonga-se com cada um à sua maneira. A cada curva sinto-me mais a gosto e começo subir com alegria.

De repente chega a Huesera e começo a sentir essa sensação como quando tudo vai em câmara lenta. A malta começa a retorcer-se no guiador e a fazer caras feias como se lhes tivesse assentado mal o pequeno almoço. Enfim, eu com o meu super carreto e sentado, porque não dizê-lo, ia como um "DEUS".

De longe vejo o Charly que está observando a paisagem dum miradouro da Huesera com a bicicleta ao lado. Na verdade nunca pensei que um tipo com um corpo totalmente inverso ao meu (alto e delgado), se tivesse que descer na Huesera. Pergunto-lhe o que faz parado e diz-me que a observar a paisagem. Inicialmente pensei que estivesse com cãibras, mas daí a pouco pensei que pudesse ser algo pior, porque não o voltei a ver.

Enfim, continuo a subir encontrei-me com o Eugenio que sai da última curva da Huesera empurrado por um tipo. Depois comentou-me que tinha tido alguns problemas.

Depois da dor da Huesera, a do miradouro da Reina e do resto até aos dois Lagos. Estava bastante calor, sem ser excessivo e podia-se ver toda a paisagem.

Já no alto reagrupamo-nos todos e fizemos as fotos com os Lagos em pano de fundo. Vestimos as capas e arrancamos para baixo. Ali, estava já o Ramón que nos esperava à bastante tempo. Então é quando decidimos ir desde Covadonga até Llanes. Isso significava uns 60 quilómetros extras com a subida à Rebolleda pelo lado brando.

No regresso fizemos o restante rolando suavemente, o que pessoalmente agradeci pelas minhas pernas, que ficaram como novas…

Após um pequeno duche fomos "desfrutar" cotoveladas de espenica. Para quem não saiba, chama-se espenica a um banquete de espetanços variados e sidra da terra. Ali, os que mais comiam, eram os mortos de fome dos acompanhantes, que devoravam tudo o que podiam e mais.

Enfim, depois com o Fernando, Eugenio e familiares, fomos beber sidra natural bem escanciada ( aviada). Mais tarde fomos jantar num bom sitio e, depois daqui tomar umas coisitas até que o corpo nos pedisse cama.

Bom e isto é tudo. Muitas obrigado desde aqui a todos os ciclolisteros, que fizeram os Lagos e especialmente ao Eugenio e companhia pela sua disponibilidade.

Vou-me deitar com carinha de anjo depois de ter desfrutado de um inesquecível fim de semana.

Bom, adeus !!!!….

publicado por Ubicikrista às 16:47

Olá,
Voltei dos Lagos e não me doem as pernas. Só isso é uma grande vitoria para mim, porque o ano passado acabei com tanto acido láctico no sangue que andei vários dias a arrastar-me.

Foi o meu segundo ano nos Lagos e, no estilo da Maria, resumo a crónica em três pontos:

1º é uma subida incomparável e, com bom tempo como neste sábado, impressionante, tanto para o ciclista como para o turista.

2º ninguém se faz ciclista da noite para o dia, logo, tenho que treinar muito mais se quero desfrutar a tope das encostas.

3º o Nava 2000 é um clube de jarretas (caras de maus e oportunistas, para os não espanhóis) e sem vergonhas, que usam a ciclomarcha mais chamativa de Espanha para lucrarem. Passo à crónica:

Amanheceu com um dia lindo, espalhado inclusive sobre a serra de Cuera, um maciço kárstico que domina Llanes e que é habito estar tapado de neve.

Na noite de Sexta, o Angel e eu jantámos com o Eugenio e o Charly, e depois reunimo-nos com Ramón, para pôr à prova os últimos nervos antes de irmos dormir.

Meia hora antes da saída juntamo-nos com mais ciclolisteros (José Ramón, Juanma, Fernando) e fizemos as fotos da praxe. O dia convidava ao ciclismo, e eu tinha o dorsal 1012, assim  propus-me (melhor, desejei) fazer um posto inferior ao dorsal (em 98 tinha feito quase 1700).

Saímos calmamente, longe da cabeça, mas algo mais rápidos que o ano passado, e  encaminhámo-nos para a primeira montanha do dia.

Desta vez, subiríamos para Tornería pelo lado suave, atravessando a serra de Cuera pelo sul. A subida era fácil, com apenas uma ou outra rampa mais dura e de seguida cheguei ao cimo, onde já tinha entrado a neblina e fazia fresquito. Para não parar fiz a descida em pelo, sem capa de chuva, mas por ser uma descida rápida e curta não tive tempo de a enfiar, e quando quis dei-me conta de que estava em Llanes, saboreando um miserável abastecimento. Tive a imensa sorte de que uma encantadora moça da organização me desse um Acuarius, mas o Eugenio, que apareceu apenas uns minutos depois, só lhe tocou agua ou coca-cola. Agarrei nuns bolitos, um par de barritas, uns figos, uma banana e segui na marcha, sempre com os mesmos. Juntámo-nos com David, que tinha chegado tarde, e vimos o Javier.

Ainda nos faltam 40 km. até ao desvio para Covadonga, assim, vamos com calma. É uma boa estrada que dispara levemente até ao cimo, atravessando o Desfiladeiro das Cabras e subindo depois para Robellada. Aí foi-se um pouco do meu ar, adiantei-me um pouco porque queria parar para urinar e não queria descolar dos demais ciclist@s. Na zona plana chegando a Cangas parei e demorei o suficiente para que me apanhassem o Fernando, Eugenio e companhia, que vinham como um avião. Tive que pedalar como um louco para os pilhar antes da rotunda da entrada para Covadonga.

Nos poucos quilómetros até a Basílica já quase ninguém fala, ou só há piadas nervosas, porque a malta nota que se aproxima a grande Subida. O abastecimento antes da subida, INAPRESENTAVEL. Estávamos entre os 1000 primeiros e só tinham agua e coca-cola. Não há direito, pagando o que pagamos (3500 ptas/$23) e sabendo que os patrocinadores oferecem boa parte dos abastecimentos, temos que  suportar que o Nava 2000 se encha de dinheiro em vez de se dignar a dar-nos de comer. Com uns nervos descomunais retirei as joelheiras (fazia um calorzinho e não necessitava delas) e empreendi o último troço da marcha.

Passada a Basílica, chego a uma curva à esquerda, que assinala o começo. Olho o relógio para poder contar o tempo, meto a coroa de 25 dentes e abro a camisola até onde posso. Como o dia é magnífico, há muitíssima gente animando-nos, e isso agradece-se muito - é isto talvez, que torna tão especial esta marcha, sobretudo nos primeiros quatro km. de subida, que são muito duros, e onde a paisagem não te distrai porque vais entre árvores. Dá-me muita graça ouvir comentários continuamente, sobre as minhas costas, que as pessoas dirigem à malta.

Subo relativamente confortável, sentado quase todo o tempo, a umas 60 pedaladas por minuto e à volta das 170 pulsações. Vou ultrapassando muita gente, e há dois ou três ciclistas com os que alterno, às vezes passo-os e noutras ocasiões são eles que me passam. Faz um calorzito mas não sufoca, assim vou ao meu gosto (dentro do possível). Por fim, chega a terrível Huesera. O ano passado impressionou-me, mas este pareceu-me pouca coisa. Não é que não seja difícil, que o é, mas depois de Angliru não me parece tanto, e passo-a quase sem me dar conta, inclusive até me parece curta (não tenho dúvidas, é realmente dura, mas a cabeça nem sempre sente o mesmo que as pernas). Dá-me a impressão de que há menos gente que o ano passado, e é fácil ir adiantando aos que vão mais devagar, avisando-os primeiro para que não se atravessem. O meu grande problema é que suo muito, ainda não tenho demasiada sensação de calor (e até levo uma camiseta térmica), e mal posso abrir os olhos. Já não só por estarem nebulosos mas porque me doem, e ficaria encantado se pudesse parar para lavar a cara - é um suplicio, mas por orgulho não me desço da bicicleta.

Passada a Huesera ainda resta uma boa parte dificil, uns dois km., mas creio que os farei sem problemas, se os olhos não me caírem ao chão. Já não me falta muito e oiço que alguém pronuncia o meu nome. "Porra, penso, vou tão mal que os outros já me alcançaram, os tais que deixei para trás desde o principio?" Olho pelo retrovisor e chego a distinguir uma arroba. Não pode ser Angel, que gosta de subir mais devagar que eu, assim tento distinguir-lhe a cara, a ver se o conheço. Quem quer que seja, já acelerou e alcança-me, e então reconheço-o. È Alberto Ibarretxe, o txirrindulari de Bilbau, que dissera que viria só fazer a subida! Baixo um pouco o ritmo e trocamos umas palavras. Ele vai muito confortável, imagino que graças à pedaleira tripla (veio com pneus tipo tractor), mas começo a notar picadas nas pernas e, sobretudo, doem-me os olhos. Aproximamo-nos da última rampa antes do Mirador, que é um ésse terrífico, de 12  a 14%, e tenho medo de chatear as pernas com as cãibras, assim, digo ao Alberto que vou parar um momento e refugio-me debaixo da sombra de um arbusto. Estou a ponto de contraturar o quadricipe, mas finalmente aguenta-se. Tiro os óculos, o capacete, e lavo os olhos com agua do bidão. Que alivio! Tinham-nos dado um pouco de óleo para massajar, que aproveito para untar as coxas generosamente. Devo ter uma aparência infame, mas ao menos os meus olhos descansarão. Coloco o capacete de novo, ponho os óculos e disponho-me  a prosseguir. Um senhor aproxima-se de mim e oferece-se para me ajudar a montar e dar-me um empurrãozito. O mais amavelmente que posso agradeço-lhe e  digo-lhe que não é necessário, que  parei mais pelos olhos que pelas pernas e, efectivamente, subi para a bicicleta, engancho os pedais, e num instante passo a rampa e estou no Miradouro da Reina. Aqui foi onde o ano passado, atascado de frio e com as pernas contraturadas, tive que parar. Tenho um pouco de receio, mas os meus musculuzitos  portam-se bem e continuo a subida tranquilamente.

Pensei que faltava menos, mas ainda faltam uns quilómetros muito pesados até à primeira zona com agua. Continuo sentado quase todo o tempo, desfrutando da paisagem, que o ano passado estava tapada pela neblina, e ultrapassando mais maralha. Não é que vá a assobiar, mas sei que já  passei o pior e que certamente chegarei lá a cima sem mais problemas. Na primeira descida cruzo-me com os que já regressam, alguns jurando em pragas por ter que subir nessa rampa, que deve ser de 10% e que dói bastante, depois de tudo feito. Nova subida, as pessoas  dizem que já não falta quase nada (isso já eu sei, he, he) e descida para o primeiro lago. Bonita paisagem, muita gente, aplaudem e sorrio. Agora já se vêem os cumes, ainda com neve, dos Picos da Europa. Dão vontade de parar para desfrutar da paisagem, mas afronto a última encosta e vejo o lago Enol !QUE BONITOOOO!

Já o conhecia pois subi aqui pela primeira vez há vários anos de carro, mas vê-lo agora, brilhando debaixo do sol, depois de tê-lo "ganhado" subindo na bicicleta, é uma sensação muito emocionante. Por um instante ignorei as centenas de pessoas o meu redor, aos poucos ciclistas que ainda ultrapasso, e sinto-me um privilegiado por poder desfrutar da vida fazendo estas coisas. Passado o transe, chego à meta e dão-me o papelinho. Olho-o com um pouco de medo, porque agora dou-me conta de que queria ficar num bom posto... 854! Que bem. Quase a metade que o ano passado, e subi numa hora e quatro minutos, apesar de ir com algumas cãibras. Estou muito contente e vou a correr beber qualquer coisa. O abastecimento, "magnífico" de novo. Agua e Coca-cola. Continua sem haver a porra de uma bebida isotónica, que é o que melhor nos convém, com o suor que despendemos. Afortunadamente, conservei o bidão que trazia com isotónica para este momento, e poder beber o que mais me apetece. Além disso, como não está demasiado calor, está fresquito e sabe-me a gloria.

De seguida vão chegando os outros e tiramos um monte de fotos. Esperámos para ver se chegava o Charly, mas parece ser que no final algo se passou com ele e não conseguiu chegar cá acima (coisa estranha para um dos heróis de Angliru). Depois de muitas piadas e risos, vestimos os abrigos e começamos a descida. Enquanto passo o primeiro lago, noto logo, que a capa está a mais, assim, paro para o despir e para fazer alguma foto mais, e continuo a descida. Já tinham aberto o transito, ainda não havia muitos carros e pude descer em velocidade de caixão à cova, ultrapassando bastante maralha e, o mais divertido, alguns carros.

Na Basílica reagrupamo-nos todos. Despedimo-nos de alguns e com outros empreendemos o final da aventura: voltar até Llanes de bicicleta (50 km.), para não ter que esperar pelos autocarros que a organização disponibilizou. No principio vou muito animado, mas de seguida noto a factura dos quilómetros anteriores e limito-me a vir na “mama” da roda (quando posso) ou a rolar suavemente. Por sorte apenas há um par de kms serra acima e o resto é deixar deslizar. Ramón é o único que vai bem e tem que esperar por nós, mas os restantes (Angel, Eugenio e eu) deixamo-nos arrastar e só revezamos algumas vezes timidamente.

Já em Llanes, duche e pestisco final. A tarde é dedicada aos Centros de Alto Rendimento de Llanes, nos quais Eugenio se revela bom conhecedor. Graças aos seus saibos conselhos, aceleramos a recuperação mediante substancias permitidas como a sidra, a favada, peixe fresco na tábua e um bom entrecosto de vitela. Um pouco por vergonha desta vez não tiramos fotos e conformamo-nos com uma boa recordação.

Maravilhosa Asturias...

Francisco, desde Madrid.

publicado por Ubicikrista às 16:46

publicado por Ubicikrista às 16:44

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